quarta-feira, 19 de julho de 2017

Mucosite Oral (MO)

Lesões orais são efeitos colaterais frequentes e debilitantes dos tratamentos de Quimioterapia e Radioterapia que podem afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes . As lesões podem se manifestar de diversas formas, desde pequenas úlceras até condições mais severas como a Mucosite Oral (MO). Essas ulcerações aumentam a necessidade de nutrição parenteral total e o uso de analgésicos mais fortes. Além de expor o paciente a um maior risco de infecções oportunistas, comprometem também a terapia antineoplásica e em alguns casos conduzem à internação hospitalar consequentemente aumentando o sofrimento do paciente .


Laser para tratamento


Mucosite Oral

A Mucosite Oral é caracterizada por desagradáveis e dolorosas úlceras e inflamações na boca. O termo Mucosite Oral foi introduzido no final dos anos 80 para descrever estas lesões inflamatórias da mucosa oral causadas pela terapia antineoplásica, quimioterapia e radioterapia, para que fosse diferenciada da estomatite comum, causada por outras razões patogênicas. A Mucosite Oral é a maior complicação não- hematológica consequente da citotoxicidade da terapia antitumoral e está associada com elevado grau de morbidade. Dor, odinofagia (dor ao engolir), digeusia (distorção de sabores), e a consequente desidratação e desnutrição comprometem a qualidade de vida do paciente. Além disso, as lesões na mucosa representam um grave risco de infecção, especialmente em pacientes que apresentam neutropenia. Qualquer atraso ou interrupção da terapia antineoplásica pode determinar o fracasso terapêutico e resultar no aumento das despesas com saúde.

Incidência e fatores de risco

 A Mucosite Oral afeta pacientes que estão recebendo radioterapia e/ou quimioterapia:

• 85-100% dos pacientes recebendo radioterapia de cabeça e pescoço vão apresentar MO. Destes, 25-45% apresentarão a forma mais severa.

• 75-100% dos pacientes que irão receber transplantes de células tronco. Destes, 25-60% terão a forma mais severa da doença.

 • 5-40% dos pacientes recebendo tratamento para tumores sólidos com quimioterapia mielossupressiva.

 No entanto, a maior incidência de Mucosite Oral não é de grau “severo”, mas impacta muito no conforto do paciente.
Internação pode ser necessária com uso de medicamentos injetáveis.


Fatores de risco

• Idade (menores de 20 e maiores de 65 anos);
• Desnutrição;
• Problemas orais pré-existentes;
• Consumo de álcool e tabaco;
• Hábito de respirar pela boca;
• Uso de drogas que causem xerostomia;
• Tratamentos mielosupressores;
• Associação de quimioterapia e radioterapia.

O risco de desenvolver Mucosite Oral aumenta com a quantidade de ciclos de quimioterapias pelos quais o paciente será submetido. Drogas que agem na síntese de DNA como é o caso da 5-fluoracil e metotrexato demonstram grandes efeitos tóxicos para a mucosa. A severidade da Mucosite Oral e o tempo de duração em pacientes tratados com Radioterapia dependem do tipo de radiação, dosagem cumulativa, intensidade e volume de mucosa irradiada.

Sinais e sintomas.

Os sinais e sintomas iniciais da MO são: Eritema e edema acompanhados da sensação de queimação, bem como acentuada sensibilidade às comidas quentes ou apimentadas. Áreas eritematosas podem evoluir para pontos salientes, descamativos e esbranquiçados, e por último transformam-se em úlceras. Além de ser um local que possibilita infecções, as ulcerações interferem na ingestão de comidas e líquidos, com consequente desnutrição e desidratação que contribuem para deixar ainda mais lento o processo de regeneração.

Possíveis repercussões da Mucosite Oral na qualidade de vida do paciente.

 A Mucosite tem uma repercussão negativa na qualidade de vida do paciente, no gerenciamento dos custos do tratamento e na continuidade da terapia antineoplásica. Os reflexos na qualidade de vida podem perdurar por até seis meses após a terapia estar completa. A MO é considerada como o sintoma mais debilitante pelos pacientes que passaram por transplante ou radioterapia para tratamento de tumores de cabeça e pescoço. Os efeitos adversos associados à quimioterapia e radioterapia além de terem um impacto severo na vida do paciente, podem também afetar seu tratamento. Em pacientes que apresentaram Mucosite Oral moderada a severa (grau 3-4), podemos citar:

• Aproximadamente 1 em 3 pacientes: Terão o tratamento quimioterápico interrompido, ou precisará atrasar o próximo ciclo;

• Aproximadamente 2 em 3 pacientes: Precisarão ter a próxima dose reduzida e terão necessidade de internação hospitalar;

 • Aproximadamente ¾ dos pacientes: Precisarão de alimentação via sonda para manter a adequada nutrição. A Mucosite Oral não causa apenas dor, mas pode afetar também o gerenciamento do tratamento do paciente podendo conduzir o mesmo às seguintes complicações: Aumento do risco de infecções e febre; Hospitalização prolongada; Ajuste na terapia anticâncer; Necessidade de nutrição via sonda; Necessidade de fortes analgésicos (opioides); Perda de peso; Prejuízos na fala.

tratamento com laser


A Mucosite Oral pode também causar um importante impacto nos recursos destinados aos cuidados com a saúde. A extensão do aumento das despesas está correlacionada com a severidade da Mucosite. Um aumento na severidade de um grau (pela escala da Organização Mundial de Saúde) corresponde a um aumento médio de 2,6 dias no hospital, 2,7 dias de alimentação parenteral e 2,6 dias de administração de analgésicos opioides. É fundamental prevenir e tratar a Mucosite Oral pois esta é um importante efeito colateral da terapia antitumoral, limitando dosagens e criando a necessidade de utilizar outros medicamentos, afetando diretamente os resultados do tratamento.

Conclusão: O tratamento preventivo em pacientes do grupo de risco diminui a incidência da mucosite  consideravelmente e o tratamento imediato tanto com medicamentos e laser terapia fazem com que o paciente tenha uma melhora muito mais rápida e consequentemente recobre a saudê.

Mucosite