Lesões
faciais decorrentes de mordedura são freqüentemente relatadas na literatura
mundial. Tais injúrias podem apresentar-se desde simples abrasões até
ferimentos profundos, irregulares e com grande perda de substância, podendo
comprometer severamente padrões estéticos e funcionais das vítimas. Na maioria
das vezes, estas são o ocasionadas por cães, gatos ou pelo próprio homem, sendo
as crianças bem mais acometidas que a de adultos.
As
mordeduras representam uma lesão comum geralmente vista nas emergências dos
hospitais, correspondendo a cerca de 1% dos atendimentos.
Na face, os locais mais acometidos são:
· - Lábios
· -
Região de Mento
· -
Nariz
· - Orelhas.
Fatores de risco para infecções pós-mordida:
- Intervalo de tempo entre o acidente e o
atendimento maior que 8h;
- Região acometida muito vascularizada(mãos e pés);
- Tipo de
lesão(puntiformes, profundas, com esmagamento);
- Presença de contaminantes grosseiros(fezes,
saliva, sujidades);
- Doença preexistente(desnutrição,
imunodeficiência, diabetes etc.);
- Natureza do agressor: risco pós-mordida por cão:
4 a 10%; gato: 50 a 80%; humana: 15 a 30%.
Agentes bacterianos mais comuns nas lesões
infectadas:
Cães:
- Pasteurella multocida, Staphylococcus aureus,
estreptococos e anaeróbios: Peptostreptococcus spp, Peptococcus spp.,
Bacteroides spp.(não-fragilis) e Fusobacterium spp. em diversas associações.
Gatos:
- Pasteurella multocida, Bacteroides
spp.(não-fragilis), Prevotella spp., Fusobacterium spp. e ocasionalmente estreptococos e
estafilococos.
Humanas:
- Bacteroides spp.(não-fragilis), Prevotella spp.,
Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas melaninogenica, Peptostreptococcus spp.,
Veillonella parvula, estreptococos a e g-hemolíticos, Staphylococcus aureus,
Eikenella corrodens e Haemophilus spp.
Classificação
do acidente:
a) Contato indireto:
- Manipulação
de utensílios contaminados;
- Lambedura
de pele íntegra.
b) Leve:
- Arranhadura e mordedura superficial em tronco e
membros(exceto pés ou mãos).
c) Grave:
- Mordeduras, arranhaduras ou lambeduras de
feridas na cabeça, pescoço, pés ou mãos;
- Mordeduras ou arranhaduras múltiplas, puntiformes
e/ou profundas;
- Lambeduras de mucosas;
- Acidentes com morcegos.
Tratamento da ferida
1. Anestesia realizada
poderia ser local ou geral, dependendo da extensão dos ferimentos e da idade do
paciente.
2.
Irrigação abundantemente com soro fisiológico da ferida.
3. Limpeza com solução degermante de polivinilpirrolidona (P.V.P.I.)
ou clorexidina a 2% e soro fisiológico.
4. O fechamento primário no dia do atendimento era feito através de
sutura direta , retalho local ou enxerto.
5.
Profilaxia Antibiótica e Vacinação de Tétano e Raiva.
A profilaxia antitetânica é essencial, existindo relatos que
sugerem a aquisição de tétano e hepatite B após mordedura humana. Nas agressões
caninas, é obrigatória a profilaxia do tétano e da raiva, pois estas são
responsáveis pela transmissão de 85% dos casos de raiva humana no Brasil.
O uso de antibiótico de cinco a sete dias após mordeduras na face
é amplamente aceito na literatura, e o antibiótico de primeira escolha:
1. Amoxicilina/clavulanato,via
oral,na dose de 50mg/kg/dia por 5 a 7 dias em crianças e adultos 500 a 875 mg de
8/8 horas Via Oral.
2.
Penicilina e as Cefalosporinas de segunda e terceira gerações .
O uso da cultura para
escolher o antibiótico só é feita em casos em que a infecção está estabelecida,
e os germes mais freqüentes são os estreptococos e os estafilococos.