sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Lesões por Mordedura – Como Proceder?



Lesões faciais decorrentes de mordedura são freqüentemente relatadas na literatura mundial. Tais injúrias podem apresentar-se desde simples abrasões até ferimentos profundos, irregulares e com grande perda de substância, podendo comprometer severamente padrões estéticos e funcionais das vítimas. Na maioria das vezes, estas são o ocasionadas por cães, gatos ou pelo próprio homem, sendo as crianças bem mais acometidas que a de adultos.
As mordeduras representam uma lesão comum geralmente vista nas emergências dos hospitais, correspondendo a cerca de 1% dos atendimentos.
Na face, os locais mais acometidos são:
·      -  Lábios
·      -  Região de Mento
·      -  Nariz
·      -  Orelhas.
Fatores de risco para infecções pós-mordida:
- Intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento maior que 8h; 
      - Região acometida muito vascularizada(mãos e pés);
      - Tipo de lesão(puntiformes, profundas, com esmagamento);
      - Presença de contaminantes grosseiros(fezes, saliva, sujidades);
      - Doença preexistente(desnutrição, imunodeficiência, diabetes etc.);
      - Natureza do agressor: risco pós-mordida por cão: 4 a 10%; gato: 50 a 80%; humana: 15 a 30%.

Agentes bacterianos mais comuns nas lesões infectadas:

Cães:
-  Pasteurella multocida, Staphylococcus aureus, estreptococos e anaeróbios: Peptostreptococcus spp, Peptococcus spp., Bacteroides spp.(não-fragilis) e Fusobacterium spp.  em diversas associações.
 Gatos:
- Pasteurella multocida, Bacteroides spp.(não-fragilis), Prevotella spp., Fusobacterium spp. e ocasionalmente estreptococos e estafilococos.

 Humanas:
- Bacteroides spp.(não-fragilis), Prevotella spp., Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas melaninogenica, Peptostreptococcus spp., Veillonella parvula, estreptococos a e g-hemolíticos, Staphylococcus aureus, Eikenella corrodens e Haemophilus spp.

Classificação do acidente:

 a) Contato indireto:
- Manipulação de utensílios contaminados;
- Lambedura de pele íntegra.

 b) Leve:
    - Arranhadura e mordedura superficial em tronco e membros(exceto pés ou mãos).

 c) Grave:
  - Mordeduras, arranhaduras ou lambeduras de feridas  na cabeça, pescoço, pés ou mãos;
  - Mordeduras ou arranhaduras múltiplas, puntiformes e/ou profundas;
  - Lambeduras de mucosas;
  - Acidentes com morcegos.

Tratamento da ferida

1.    Anestesia realizada poderia ser local ou geral, dependendo da extensão dos ferimentos e da idade do paciente.
2.    Irrigação abundantemente com soro fisiológico  da ferida.
3.  Limpeza com solução degermante de polivinilpirrolidona (P.V.P.I.) ou clorexidina a 2% e soro fisiológico.
4.   O fechamento primário no dia do atendimento era feito através de sutura direta , retalho local ou enxerto.
5.    Profilaxia Antibiótica e Vacinação de Tétano e Raiva.
A profilaxia antitetânica é essencial, existindo relatos que sugerem a aquisição de tétano e hepatite B após mordedura humana. Nas agressões caninas, é obrigatória a profilaxia do tétano e da raiva, pois estas são responsáveis pela transmissão de 85% dos casos de raiva humana no Brasil.
O uso de antibiótico de cinco a sete dias após mordeduras na face é amplamente aceito na literatura, e o antibiótico de primeira escolha:
1.   Amoxicilina/clavulanato,via oral,na dose de 50mg/kg/dia por 5 a 7 dias em crianças e adultos 500 a 875 mg de 8/8 horas Via Oral.
2.    Penicilina e as Cefalosporinas de segunda e terceira gerações .
O uso da cultura para escolher o antibiótico só é feita em casos em que a infecção está estabelecida, e os germes mais freqüentes são os estreptococos e os estafilococos.