segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Terapêutica medicamentosa em odontologia: Antibióticos



O tratamento com antibióticos iniciou com o primeiro uso clínico da penicilina em 1941. Embora Fleming tivesse descoberto essa substância em 1929. Hoje em dia quase todas as doenças de origem microbiana podem ser tratadas, com grau variado de sucesso através do uso de antibióticos. A realização de antibioticoterapia em odontologia é muito bem estabelecida, devido à grande quantidade e diversidade de agentes bacterianos pertencentes à microbiota bucal normal. Eventualmente, causam bacteremias pela má higienização do paciente iniciadas por cáries ou periodontites, processos patológicos inerentes à cavidade bucal e intervenções realizadas pelo cirurgião dentista.
Podendo serem utilizados isoladamente ou combinados entre si. Porém, na escolha do antibiótico deve-se levar em consideração alguns fatores como a toxicidade e o espectro de ação, pois sempre que possível o ideal é levar em consideração o antibiótico de espectro reduzido para diminuir a possibilidade de microorganismo resistente. Além disso, na forma de ação deve-se priorizar as drogas bactericidas ao invés de bacteriostática.

O antibiótico ideal necessita reunir uma série de características como:
1- Efetividade frente ao microorganismo causador da infecção;
2- Adequados padrões farmacocinéticos (boa penetração e difusão no tecido afetado pela infecção);
3- Boa tolerância e poucos efeitos adversos;
4- Não interagir com outras substâncias;
5- Baixo custo;
6- Fácil de estocar;
7- Possuir efeito residual longo;

 O mecanismo de ação dos antibióticos são:
-Inibidores da síntese da parede celular:  Penicilinas, Vancomicina, Cefalosporina e Bacitracina.
-Alteração na integridade da membrana celular: Polimixina, Nistatina.
-Inibição da Síntese de Proteínas Ribossomais: antibióticos do grupo macrolídeos, Tetraciclinas, Clindamicina e  Aminoglicosídeos.
-Inibição da síntese de Ácidos Nucleico: Metronidazol e Fluorquinolonas.
-Inibição da Síntese de Ácido Fólico: Sulfonamidas e a Trimetoprima.

 O sucesso do tratamento antimicrobiano depende de diversos fatores tais como:
-Hospedeiro 
-Bácteria
-Fármacos

Os grupos de antibióticos são:

1-As Penicilinas: são eficazes no combate a estreptococos dos grupos A e B, contra sífilis e outras doenças. As Aminopenicilinas, foram às primeiras penicilinas com atividade contra bactérias Gram-negativas.
1.1Amoxicilina
Amoxicilina é uma penicilina semi-sintética sendo indicada em infecções sistêmica, aguda e crônica do trato respiratório causadas por organismos Gram-positivos e Gram-negativos sensíveis. Pode ser administrada por via oral, pois este fármaco não é inativado pelo suco gástrico. É utilizado na odontologia na prevenção de bacteremia associada a procedimentos como exodontias, em pacientes com risco de desenvolver endocardite bacteriana, sendo contra-indicado para pacientes com hipersensibilidade a penicilina e a cefalosporina. Ela pode ser associada ao ácido clavulânico aumentando o seu aspectro. 
1.2Ampicilina
Ampicilina é um antibiótico semi-sintético derivado do núcleo fundamental das penicilinas. O seu mecanismo de ação bactericida é igual ao das outras penicilinas. Inibe funções metabólicas vitais para a membrana celular das bactérias, inibindo a síntese das mucopeptidases necessárias ao crescimento e à multiplicação bacteriana. Ela também pode ser associada ao sulbactam assim ampliando o seu aspectro.

2- Cefalosporina
As cefalosporinas representam o grupo de antimicrobianos mais prescrito no mundo, apresentando grande importância clínica. Nos hospitais brasileiros são utilizadas em cerca de 70% das infecções. São consideradas eficazes em septicemias de causa desconhecida e profilaxia cirúrgica e, também, indicadas nos pacientes imunodeprimidos, sendo recomendadas para todas as faixas etárias.

Sendo divididas em 4 gerações:
Ø  1ª geração: cefalexina (VO), cefadroxil (VO), cefazolina (EV),cefalotina (EV)
Ø  2ª geração: cefuroxima (EV e VO), cefaclor (VO), cefoxitina (EV)
Ø  3ª geração: cefixima (VO), ceftriaxona (IM e EV), cefotaxima (EV), ceftazidima (IM e EV)
Ø  4ª geração: cefepima (EV)

3-Clindamicina
Raramente é utilizada devido a sua menor eficácia como agente antimicrobiano e sua melhor absorção é por via oral, na maioria das vezes é recomendado como antibiótico alternativo (depois da amoxacilina).
A Clidamicina é um antibiótico que possui ação bactericida ou bacteriostática, de acordo com a suscetibilidade e a concentração, possui amplo espectro ativo contra a maior parte dos organismos aeróbicos Gram-positivos (Staphylococcus e Streptococcus Pneumoniae) e outros estreptococos, mas não enterococos; possui boa atividade contra as bactérias anaeróbicas causadoras da vaginose bacteriana. Os efeitos adversos deste antibiótico consistem principalmente no distúrbio gastrintestinal pode manifestar na forma de diarréia grave e colite pseudomembranosa.

4-Macrolídeo
4.1 Azitromicina é o primeiro antibiótico da classe dos Macrolídeos. O produto é indicado em infecções causadas por organismos susceptíveis, em infecções do trato respiratório inferior, incluindo bronquite e pneumonia, infecções da pele e tecidos moles, em otite média e infecções do trato respiratório superior, incluindo sinusite e faringite/tonsilite.

4.2 A Eritromicina é um antibiótico notavelmente seguro, o qual produz um número relativamente pequeno de efeitos colaterais, os problemas mais comuns são: distúrbios gastrintestinais, a icterícia colestática com sinal de toxicidade hepática e efeitos adversos em pacientes gestantes. Penetra no fluido gengival em concentrações muito baixas e, aos níveis que se apresenta nas bolsas periodontais, a maioria das bactérias periopatogênicas não é susceptível, especialmente Actinobacillus actinomycetemcomitans, Eikenella corrodens, Fusobacterium nucleatum, Selenomonas sputigena e um número significativo Bacteroides negro pigmentados.

5 -Metronidazol
Este antibiótico não possui grande eficácia no uso da odontologia, embora seja utilizado no tratamento das periodontias. O mesmo tornou-se a droga de escolha para uma variedade de infecções por protozoários.
O Metronidazol pode ser utilizado associados a outros antibióticos, sendo de grande eficácia em relação às bactérias anaeróbicas, não devendo ser utilizadas isoladamente, pois só seria eficaz em infecções exclusivamente anaeróbicas.

6-Tetraciclina
A utilização terapêutica na odontologia deste antibiótico é limitada no tratamento de infecções orodentais agudas; sendo esta mais empregada em certos tipos de doença periodontal, tal como, a periodontite juvenil localizada.
                                    

                     Tabela de Medicação e Posologia Antibiótica
Antibióticos
Posologia
Amoxicilina (1 Escolha)
500mg a cada 8 horas-Adulto
125 a 250mg a cada 8 horas-Criança
Clindamicina (2 Escolha)
300mg a cada 6 horas
Metronidazol
400mg a cada 8 horas
Azitromicina
500mg a cada 12 horas
Ciprofloxacin
500mg a cada 12 horas
Penicilina V
500mg a cada 6 horas
Amoxicilina + ácido clavulânico
500mg + 125mg a cada 8 horas